Minha História - Relactar é Possível

Hoje vou mostrar uma história bem diferente, que fala sobre relactação. Algo bem pouco comentado e super importante para quem realmente deseja voltar a amamentar depois de ter que parar por algum motivo.
A Luciana, mãe da Laura, conta como foram os problemas que teve após o parto, e a emoção de poder voltar a amamentar depois de ter que secar o leite para uma cirurgia inesperada.

"Quando eu soube que estava grávida, tudo passou pela minha cabeça. Será que vou dar conta? Como será o parto? Será que vai ser uma menina como eu sempre sonhei? Loira?  Morena? Careca? Olhos iguais aos meus? Mil coisas…mas nunca tive preocupação alguma quanto a amamentação, para mim seria natural.

Finalmente a Laura chegou, o leite desceu, logo pegou o seio, em uma semana havia engordado bem e eu seguia tranquila amamentando-a.

Eu tenho algundo nódulos na mama, desde os 15 anos (tenho 34 anos) e faço acompanhamento médico.  Eles aumentam, somem, voltam, mas nada preocupante, são todos , friboadenomas benignos, nunca foi recomendado tirá-los.

Após 30 dias amamentando, eu sentia uma dorzinha na mama direita, achava natural, foi quando comecei a notar que o meu nodulo de 3cm estava maior. Fiz o primeiro ultrasson, realmente apontou que o nódulo estava com 8cm, mas nada grave, parecia hormonal e um volume maior natural devido ao grande volume de leite.

Passado 45 dias, o que tinha 8cm foi para quase 20cm. Alguns exames apontaram que o nódulo estava bloqueando um ducto de leite, formando uma GALACTOCELE.

Galactocele é o nome dado à formação cística nos ductos mamários contendo fluido leitoso. O líquido, que no início é fluido, adquire posteriormente um aspecto viscoso, que pode ser exteriorizado através do mamilo. Acredita-se que a galactocele seja causada por um bloqueio de ducto lactífero. Ela pode ser palpada como uma massa lisa e redonda, mas o diagnóstico é feito por aspiração ou ultra-sonografia. O tratamento é feito com aspiração. No entanto, com freqüência, a formação cística deve ser extraída cirurgicamente, porque o cisto enche novamente após a aspiração.

 O nódulo estava duro e dolorido, foi quando meu médico recomendou fazer uma punção, para análise do nódulo.

Feita a primeira punção (horrível, por sinal) o nódulo esvaziou, ficando mais confortavel amamentar. Infelizmente depois de 2 dias o nódulo encheu  novamente. Voltei ao médico e repetimos o procedimento por mais 2 vezes. Amarrava o peito para não voltar, chorava muito.

No periodo pós parto nossos hormonios estao “revirados”. Eu assustada pelo o que estava acontecendo, sem dormir (a Laura não dormia bem), aprendendo a cuidar de uma nova vida, enfim todo esse quadro  desencadeou uma  depressão feia.  Eu já achava que o nódulo era maligno, que eu iria morrer e estava desesperada pois ia deixar minha filinha. Um absurdo, não estava me reconhecendo.

Foi quando veio a notícia que não era nada grave, mas eu precisaria secar o leite e realizar uma cirurgia, pois estava muito infeccionado e poderia piorar o quadro. Nada grave?

Um drama, chorei 3 dias seguidos, fiquei de pijama no sofá de casa. Não queria ver ninguém, estava arrasada. Eu estava amando ter minha filhinha nos braços, ela estava super gordinha e bem com o meu leite. E agora?

Passei no pediatra que recomendou as doses de leite, e de um dia para o outro ela foi para a mamadeira. Adorou, pegou sem problemas e eu só chorava, sentia que tinham tirado meu bebê de mim.

Eu não conseguia pegar ela no colo, de tanto que eu sofria. As mamas enormes, o seio dolorido, eu arrasada. Sentia culpa, como se eu estivesse me sabotando para não amamentar mais. É eu estava bem “pirada”.
Tomei os remédios para secar o leite.  No dia da cirurgia deixei uma carta pedindo para meu marido, minha irmã e minha mãe cuidar dela caso eu faltasse…olha o drama…
Ocorreu tudo bem,  a cirurgia foi tranquila, no dia seguinte eu estava em casa.

Com um dreno no seio, 22 pontos, e a Laura na mamadeira, eu não podia segura-la. Minha mãe foi incrível, nós sempre brigamos muito e se nada é por acaso nessa vida nosso  relacionamento se transformou nesses dias , ficamos muito unidas e choramos juntas. Bom, acho que foi a primeira vez que vi meu pai chorar e falar para mim “deita aqui no meu ombro e chora filha”.

Passados 20 dias, tirei o dreno, pontos cicatrizados eu ainda queria amamentar. O pai da Laura acreditava 100% que seria possível, e afirmava isso com tanta certeza que mesmo ele não tendo ideia do que estava acontecendo com o meu corpo, ele me apoiou muito. O médico mastologista, disse que clinicamente eu estava muito bem, mas não recomendava, dizia para eu “olhar para frente”. Ela estava adaptada, mas eu não.

Tive uma conversa com a minha ginecologista e ela me perguntou “Lu isso vai passar quando vir o segundo filho?” E eu disse que não, pois sentiria culpa. Eu lembro que eu eu falei que o não eu já tinha….e ela disse: Quer tentar o SIM?

Foi quando recebi o apoio de uma professional da area de relactação Kelly Coca do Menu Materno.

Ela me passou algumas orientações, conversamos bastante. Tentei algumas vezes usar o “Mamma Tutti”, mas a Laura não gostava muito não, jogava longe…

Aos poucos fui colocando ela no peito, e conversando calmamente.

Ela chorava, pois o leite não saia, eu dava a mamadeira  e assim fomos por menos de 2 semanas.

Não contei pra ninguém, fazia isso diariamente, em segredo eu e ela e sempre calma.

No dia das mães, acordei com a camisola molhada de leite. Peguei ela no colo, coloquei no peito e mamou fazendo carinho. O dia das mães mais lindo da minha vida inteira. O leite voltou, o peso dobrou e o pediatra pediu para eu tirar a mamadeira em menos de 1 mês.

Hoje a Laura está com 2 anos e 3 meses, gorducha saudavel e mamou muito (1 ano e 10) nem eu acredito que é verdade. Tudo passou, ficou um enorme aprendizado.

Fiz um tratamento de 1 ano com a psiquiatra, remédio certinho para ficar bem logo. Não foi fácil, mas passou. Ufa!

Hoje dou risada, amo amamentar, mas também acho que vale dizer o lado menos romantico da coisa, porque eu penso que enquanto amamentamos não somos “nossas”, somos do outro, eu tinha até a sensação que a mama não era minha, outras mulheres já comentaram isso comigo também, ficamos “azedas”, “fedidas”…falando a verdade… é muito difícil!

Enfim, quando queremos algo, a cabeça manda no corpo, a cabeça MANDA. Ser mãe é ter muita dedicação, e para quem ainda não acredita, eu afirmo! Sim!!! Relactar é possível!!!

Espero que gostem do depoimento, fraquezas todos nós temos, mas o quanto somos fortes só vivendo pra descobrir, obrigada. Katia por dividir esse momento no seu blog tão querido! Lu Correa"





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19 comentários:

  1. Meu caso não foi tão complicado, graças a Deus, mas quando meu bebê nasceu, demoraram muito para me levar para o quarto e quando cheguei ele estava com muita fome, não tive suporte necessário da equipe do hospital, resultado, deram o copinho pra ele e ele perdeu a sucção, fiquei arrasada, mas vendo ele perder peso, e com a ajuda profissional (pediatra e especialista em amamentação) resolveram introduzir a mamadeira, então eu tirava o leite e dava para ele... fiquei muito triste mas nunca desisti...várias vezes ao dia tentava, até que quando ele fez 1 mês começou a sugar e hoje aos 3 meses mama perfeitamente! Todos ficam impressionados da minha persistência, realmente foi bem complicado, mas hoje me sinto muito feliz amamentando meu filhotinho!

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  2. Lindo Lu!!!!! Amei!!! Estou emocionada!!! Parabéns!!!

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  3. Meu filho nasceu grande e super bem, logo pegou no peito e mamou tanto de rachar os meus bicos!! Quase não perdeu peso na maternidade mas quando chegou em casa não ganhava peso de jeito nenhum! O pediatra é super a favor do aleitamento materno exclusivo mas não teve jeito, tive que complementar!
    Hoje ele está com 1 mês e meio e mama em mim e no mama tutti, queria muito conseguir amamentar só no peito mas infelizmente não produzo o suficiente pra ele....é uma frustração ainda não consegui o meu objetivo...quem sabe daqui um tempo

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    1. Oi Carol, tenha calma que o corpo demora para "regular" o que eu posso dizer é ele produz de acordo com a demanda. Uma máquina, perfeita e inteligente. Tente ir tirando o mama tutti aos poucos, para seu corpo produzir mais. Aproveite cada colo! bjs

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  4. Luciana, parabens pela sua forca de vontade e por nao desistir! Amamentar e' maravilhoso e vale cada noite mal dormida e cada dor que sentimos!!!

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  5. Que história mais linda!! Me emocionou
    Amamentar foi para mim a melhor experiência que eu já tive!!!
    Parabéns Luciana!!! Virei sua fã
    Sou pediatra e nunca tinha visto isso
    Bjs

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  6. Que história linda.. pura superação! Minha Nahty esta com um mes e mama muito bem no peito! Amamentar no começo dói, as vezes cansa, nos deixa azedas e arrisco dizer ´que até um pouco piradas..mas mesmo assim, sou muito feliz por conseguir amamentar. Morro de medo de um belo dia (antes do esperado) a Nathy não querer mais..ou o leite secar.
    Bjokas

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  7. História linda!!! Parabéns a Lu pela determinação!!! Bjss

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  8. Valéria Bortoletti19 de maio de 2013 às 07:19

    Oi Luciana, linda a sua história!!! Obrigada por dividir conosco, me emocionei muito. Sou mãe de um menino de apenas um mês, e o aleitamento materno esta sendo bem complicado, pois não produzo leite o suficiente, estou tomando medicação mas infelizmente até agora não melhorou, e ja tive que complementar, confesso que isso me deixa bem frustrada, porém estou tentando pensar que não é o fim do mundo, que o que importa e que ele esta ganhando peso e esta saudavel... Afinal, não podemos nos exigir tanto... Um super beijo!!!

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  9. Um dos posts mais emocionantes que ja li no blog! Sua determinacao eh inspiradora Luciana! Beijo grande!

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  10. Obrigada a todas meninas pelo carinho! bjs

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  11. Luciana,

    Que bom você ter contado o seu depoimento aqui, obrigada! É sempre muito bom saber sobre o que outras mães já passaram e comprovar que com amor, dedicação e perseverança é possível atravessar os maiores obstáculos por um filho. Realmente nunca tinha visto uma história como a sua... Parabéns pela filha linda e muita saúde para vocês duas!

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  12. Parabéns! Coisa linda de se ler! Minha filhinha está com 8 meses e meio e amo amamentar! Mesmo passando 12 horas por dia longe dela durante a semana, mantenho uma mamada de manhã e outra a noite. Nos fins de semana dou mais vezes. Me perguntam como tenho leite assim... Sei lá, simplesmente dá certo! Bis, flávia

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